Por que Éverton é o termômetro rubro-negro
Ele está longe de ser um dos jogadores mais chamativos do elenco rubro-negro. Não é badalado como um Guerrero, selecionável como um Arão, você não vê a torcida lamentando suas lesões em posts emocionados e vagamente sexuais como acontece com Diego.
Ao mesmo tempo ele passa longe de causar a irritação de um Cirino, a constante preocupação de um Rafael Vaz, o ímpeto de sair do cômodo pra fumar um cigarro e nunca mais voltar, abandonando não só o esporte, como também a família e qualquer plano de felicidade quando ele pega na bola gerado por um Gabriel.
E mesmo sem nada disso, cada dia fica mais clara a importância de Éverton para a equipe rubro-negra. Primeiro por razões bem práticas: no 4-3-3 de Zé Ricardo ele é o único dos atacantes de lado de campo que parece fazer tudo que o sistema tático exige. Se Mancuello ainda não se adaptou 100% ao posicionamento, Berrío por enquanto parece ser capaz de atingir mach 5, mas não de armar uma jogada e Gabriel simplesmente parece ser um sonho ruim, Éverton, com sua experiência tanto na lateral quanto no meio parece se encaixar perfeitamente. Jogando pelos lados ele cria oportunidades ofensivas, auxilia na cobertura defensiva e se movimenta intensamente durante toda a partida, além de ser um jogador capaz de aproveitar bem as chances que surgem, como deixou claro no gol decisivo do clássico de domingo
Mas, além da função tática, parece existir algo mais na presença de Éverton em campo que torna diferente esse time do Flamengo, e que já ficou visível em diversas ocasiões, como a reta final do Brasileiro do ano passado, por exemplo - a queda de produção do rubro-negro, não sei se vocês lembram, coincidiu um bocado com a lesão de Éverton. Talvez o atacante ofereça uma dinâmica diferente, ajudando a equipe a suprir com velocidade os momentos de ausência de capacidade de criação? Talvez o entrosamento dele com Guerrero acabe fazendo a diferença em momentos decisivos? Talvez o simples fato da presença de Éverton garantir a ausência em campo de jogadores como Gabriel ou mesmo Adryan já seja uma contribuição inestimável para a paz de espírito do torcedor rubro-negro? Difícil dizer. Mas a verdade é que com Éverton em campo temos um Flamengo mais aguerrido, mais competitivo e que, ao contrário do jogo de quarta-feira, por exemplo, soube transformar domínio e oportunidades em gol e vitória.
Para quarta-feira, contra a Universidad Católica, a situação segue indefinida para Éverton - atuando à base anti inflamatórios nesse domingo, é impossível garantir sua situação no meio de semana -, mas numa partida que pode ser decisiva e já garantir o Flamengo na fase de mata-mata da Libertadores, seria muito importante contar com esse jogador que não recebe a mesma atenção, não gera tantas manchetes, não inspira tantos cortes de cabelo, mas vem se mostrando cada vez mais essencial para as ambições do Flamengo. Não é que com Éverton em campo tenhamos certeza de vitória, de gols, ou mesmo de boa atuação. Mas com certeza sem ele em campo isso tudo vem se mostrando um pouco mais complicado.
Fonte: Uol